sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Dafra ameaça hegemonia japonesa


A hegemonia japonesa no mercado brasileiro de motocicletas começa a ser ameaçada por um concorrente nacional. Quarta colocada em número de emplacamentos em 2009, a Dafra Motos - empresa do grupo Itavema - vai lançar três modelos até o fim do ano. As novas motocicletas fazem parte do plano de expansão da montadora, que pretende atingir 12% de participação no mercado até 2012. Para o ano que vem, está previsto mais um modelo na linha da Dafra, este com a peculiaridade de possuir 65% dos componentes produzidos no país, conforme revelou ao Valor o presidente da companhia, Creso Franco.

Diante do desempenho da marca no curto período de atuação - a empresa iniciou as vendas após o carnaval do ano passado -, é possível acreditar que a meta de participação de mercado pode ser antecipada. Em janeiro de 2008, a previsão da Dafra era de faturar R$ 240 milhões em seu primeiro ano. Encerrou o período com faturamento bruto de R$ 380 milhões e líquido de R$ 305 milhões. "Foi um lançamento positivo, com estruturação da rede de concessionários e desenvolvimento da marca bastante rápidos."

De acordo com os dados de março da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a Dafra ocupa a quarta colocação no número de emplacamentos, com 4,62% de participação de mercado. No ano passado, a empresa ficou na quinta colocação, com 3,47% de participação, atrás da Sundown, hoje a quinta colocada. A liderança isolada é da Honda, com quase 70% do mercado, seguida pela Yamaha e Suzuki, respectivamente, com 12,52% e 6,21%.

Apenas em publicidade, a Dafra aplicou R$ 60 milhões no ano passado. Teve como figura central de suas campanhas o apresentador de televisão Luciano Huck. Para este ano, em virtude da crise, o presidente da companhia informa que a verba de marketing será menor, assim como a expansão do número de concessionárias. O objetivo principal em 2009 é o aumento da linha de produtos, além da inauguração de um laboratório de testes de emissões de poluentes .

"Nos municípios em que havíamos vislumbrado potencial de vendas [de médio e grande porte], investimos na rede de concessionárias em 2008. Neste ano, estamos mais criteriosos", disse. Atualmente, a direção da Dafra estuda a melhor maneira de desembarcar nas cidades de pequeno porte, onde, segundo Franco, o percentual de emplacamentos de motocicletas é maior. "São municípios que emplacam menos de 90 motos por mês, por isso precisamos ter uma participação de mercado maior para não corrermos o risco de o concessionário vender apenas cinco unidades em um mês", acrescentou.

A marca conta hoje com 280 revendedores espalhados pelo país. Em 2008, a Dafra produziu 119,3 mil motocicletas (5,6% do mercado) e comercializou 88,5 mil (4,7%), conforme os dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Até março, a produção foi de 20,2 mil unidades, o que significou uma participação de 7,17% no total fabricado no país.

O aumento da produção é justificado pela mudança de fase do Promot (regra de emissão de poluentes), que passou a exigir novos limites neste mês. Na semana passada, o diretor-executivo da Abraciclo, Moacyr Alberto Paes, declarou que a produção total de motocicletas no país foi incrementada, não só pela reação do mercado, mas também pelo fato de as montadoras terem aproveitado os últimos meses da regra anterior.

No caso da Dafra, de acordo com Franco, as férias coletivas programadas para o mês de janeiro foram suspensas por este motivo. Agora, com a mudança dos padrões, a montadora voltou a dar férias coletivas até o fim de abril. A projeção do executivo é de trabalhar com uma produção de cerca de 5 mil motos por mês durante os próximos meses, e vendas de até 8 mil unidades no mesmo intervalo, diluindo o estoque de motocicletas da fase II do Promot.

As estimativas da indústria é de que as novas configurações das motocicletas aumentem o preço final em cerca de R$ 200, por isso a pressa em ampliar os estoques. A princípio, a redução da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), anunciada no início do mês pelo governo federal, pode compensar o reajuste. Para o executivo da Dafra, o desconto da Cofins já pode ser visto nas concessionárias.

Sobre o próximo lançamento da montadora, Franco informou que será um modelo da categoria Scooter/Cub, da qual a líder de mercado é a Honda Biz (54,1%). Em relação aos demais lançamentos previstos para este ano, o presidente da Dafra não deu maiores detalhes, limitando-se a dizer que serão apresentados em outubro. Já o de 2010, que contará com 65% de conteúdo nacional, segundo ele, o desenvolvimento ocorreu no Brasil e na Europa. Atualmente, nos cinco modelos da marca, o índice de nacionalização é de 15% e a maioria das peças vêm da Ásia.

Além da Dafra, o grupo Itavema possui a Tegma, empresa de logística, focada principalmente no transporte de veículos zero quilômetro. Em 2007, o grupo faturou R$ 4 bilhões. O investimento inicial na Dafra foi de R$ 100 milhões. Segundo Franco, no ano que vem é possível que a marca sustente seus investimentos sem o auxílio do principal acionista. (Informações: Valor Econômico)

Fonte: http://www.capixabao.com/v3/noticia/732/veiculos/dafra-ameaca-hegemonia-japonesa/

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